quarta-feira, 28 de julho de 2010

À prova de morte



Fico muito feliz em inaugurar o blog com um filme tão genial, principalmente sendo um do meu diretor predileto. Havia muito tempo que eu não saía da sala de cinema “contaminada”, e eu vinha sentindo falta dessa sensação. Fiquei umas duas horas totalmente envolvida na atmosfera tarantinesca e me segurando para não interagir com meus familiares usando o “bitch talk” que permeia o filme.
Uma coisa que eu sempre admiro nos filmes dele é a caracterização dos personagens através dos diálogos. Nenhum narrador me conta como as meninas são, e, fora o desfecho, quase não acontece nada de drástico a que elas possam reagir de forma a montar a personalidade de cada uma. Mas mesmo assim ninguém teria de dificuldade de apontar quem é a “otária” ou a “líder” de cada grupo de moças, e toda essa construção de cada uma delas foi feita somente nos diálogos, o que deve ser muito difícil de fazer sem cair numa conversinha mole. Aliás, sempre que assisto um Tarantino me vem a idéia de que as pessoas deveriam falar mais nos outros filmes.
Este filme, em particular, parece ser o “diamante bruto” do diretor. O filme inteirinho consiste em diálogos longos intercalados com assassinatos violentíssimos, e absolutamente nada mais. Se cada filme anterior dele é um delicioso prato mexicano para estômagos fortes, esse é o frasco de pimenta. Com isso não quero dizer que é o melhor (o que é uma Escolha de Sofia no caso do Quentin), apenas que é o mais concentrado. E, mesmo que o assassino da trama tenha preferido um veículo como arma, não faltou um tiro, ainda que um solitário, para deixar a assinatura.


Nota:10